Com recorde de vendas, 2020 foi o ano da bicicleta elétrica. Ao que tudo indica, o cenário na verdade é de uma mudança permanente, com as e-bikes cada vez mais presentes no esporte e na mobilidade urbana.
São muitos sinais que mostram que está em curso uma transformação duradoura. Em diversos países o volume financeiro de vendas das elétricas já é maior que o das convencionais. E temos ainda novos pólos exportadores nascendo para atender a demanda crescente.
Outro indicador da importância das bicicletas elétricas para o futuro são os benefícios para a saúde das pessoas e para as cidades. Uma forma de exercício mais moderada e com grande potencial para substituir viagens em automóveis tornam as elétricas o veículo mais querido para solucionar dois graves problemas do nosso tempo.
De onde vêm as bicicletas elétricas vendidas na Europa
A importação de bicicletas elétricas pelos países europeus aumentou 10% em 2020, um número que pode parecer modesto no geral, mas que ajuda a contar a revolução elétrica acelerada pela pandemia.
Taiwan aumentou ainda mais a sua participação como principal fornecedor de elétricas para a Europa. Tinham 46% do bolo em 2019 e cresceram para 51% em 2020. A demanda aquecida no continente europeu ajudou a consolidar o Vietnã como segundo maior fornecedor de elétricas. Os dados mais atualizados, de janeiro a novembro de 2020, mostram que a indústria vietnamita enviou quase 150 mil elétricas para o mercado europeu, quase cinco vezes o número total de bicicletas elétricas comercializadas no Brasil durante todo o ano passado.
Quem perdeu muito espaço foi a China, uma queda de 20% no total de unidades exportadas para a Europa. Se em 2019 o gigante asiático vendeu 91.210 bicicletas no mercado europeu de janeiro a novembro, em 2020 foram 73.007. A perda de importância da China, muito em decorrência de medidas protecionistas como o direito antidumping, abriu espaço para uma nova potência exportadora de elétricas. A Turquia vendeu, até novembro do ano passado, quase 50 mil unidades de e-bikes para a União Europeia.
Venda de bicicleta elétricas na Europa, por país
Na Alemanha, a venda das elétricas cresceu 43% em 2020, chegando aos 2 milhões de bicicletas. No total, incluindo as convencionais, foram 5 milhões de unidades em um mercado que chegou aos 10 bilhões de euros (cerca de R$ 60 bilhões).
A Holanda, paraíso das bicicletas, desde 2018 as elétricas já representam um volume financeiro de vendas maior que o das convencionais. Em 2020 esse número chegou a quase 75%. A explicação é simples, o valor unitário médio das elétricas alcançou 2.259 euros (R$ 13.600) em 2020.
Enquanto na Holanda o domínio do volume de vendas de elétricas já se tornou padrão, a França, pela primeira vez em 2020, movimentou mais dinheiro com e-bikes do que com as convencionais. As pedelecs representaram 56% do volume total de vendas de bicicletas, um mercado que passou dos 3 bilhões de euros (R$ 18 bilhões) com 2,68 milhões de unidades vendidas no ano passado.
Mercados europeus menores não ficaram atrás no crescimento. Na Espanha, as elétricas já representam 42% do valor de mercado total de bicicletas. Mercado que dobrou nos últimos 7 anos, indo de 1,35 bilhão de euros em 2014 para 2,61 bilhões de euros.
Na Itália, o boom de elétricas fez lembrar a chegada das MTB nos anos 1990. Com um crescimento de 44% no comparativo com 2019, as 280 mil vendas de elétricas puxaram pra cima os números. Foram 14% mais bicicletas vendidas no total, alcançando 1,7 milhão de unidades. O país do Giro, no entanto, ainda tem muito a fazer na promoção ao uso da bicicleta para toda população.
Pode parecer surpreendente, mas a Itália ainda tem um grande esforço a ser feito na promoção ao uso da bicicleta. O bônus para a compra de bicicletas, adotado pelo governo durante a pandemia, mostrou a demanda reprimida por bicicletas entre a população italiana.
Bicicletas elétricas representam grande solução para a mobilidade urbana
De maneira geral, a pandemia acelerou a adoção da bicicleta como solução de mobilidade urbana. As elétricas se destacaram, no entanto, como solução para substituição às viagens em carros movidos a combustíveis fósseis.
Enquanto a indústria automobilística luta para eletrificar sua produção, as bicicletas já deixaram claro que são uma solução bem mais adequada para a mobilidade urbana motorizada. Pedais com um empurrão elétrico ajudam a diminuir a poluição do ar nas cidades e reduzem as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera em níveis que nenhum automóvel é capaz de alcançar, mesmo com um motor elétrico.
Benefícios da saúde na promoção ao uso de bicicletas elétricas
Uma série de estudos comprovaram que as bicicletas permitem exercícios físicos moderados, menos intensos que em bicicletas convencionais, mas mais fortes do que as caminhadas. Trata-se de uma excelente solução para pessoas que sofrem com diabetes tipo 2 e têm dificuldades para praticar os níveis recomendados de exercícios físicos.
Bicicletas elétricas serão cada vez mais comum nas ruas
As bicicletas elétricas já vinham crescendo sua importância para o mercado mesmo antes da pandemia. A explosão de vendas durante o período da pandemia, realidade na Europa e também no Brasil, acelerou a adoção das elétricas por um número cada vez maior de pessoas. As vendas aumentaram mais de quatro vezes ao longo dos últimos 6 anos. De 7.600 unidades em 2016, para 32.110 em 2020.
A expansão do tamanho global das bicicletas elétricas trouxe também o desafio de lidar com as baterias. Os investimentos em logística reversa já estão em curso, com a necessidade do mercado de automóveis e de bicicletas buscarem soluções em escala para lidar com o descarte e reciclagem das baterias.
O cenário futuro para as bicicletas elétricas no mundo, quando oferta e demanda estiverem mais equilibradas, é que o ritmo acelerado de vendas se normalize em patamares altos, com todos os benefícios para as pessoas, as cidades e o meio ambiente.
(Font: aliancabike.org.br/bicicleta-news-e-bike)